sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Post 01

" A viagem de uma hora para outra pareceu tão longa, tão monótona. O vento no rosto bagunçando os cabelos, já não mais divertia. Ela estava sem paciência, se sentia muito solitária...teve de admitir: a solidão é desprazerosa em uma viagem de quatro horas seguidas primeiramente dentro de um barco depois dentro de um ônibus, sentada ao lado de uma senhora, não muito senhora de si, não muito reservada que pendurada ao telefone se entregava aos labores de uma amiga e ria quando falava da noitada deliciosa com um rapaz de vinte e cinco anos.
Com a velocidade que o ônibus adentrava as estradas, calculou que antes das três da tarde já estaria em seu destino. "Cão dos infernos, diabo de viagem..." Brenda se deixava desistir da visão de um pretexto para parar o carro, descer, fechar os olhos e pensar intensamente que estaria no hotel e quando abrir os olhos, de fato estar. "Miséria !".
A mulher-que-comeu-o-de-vinte-e-cinco agora estava mais espalhafatosa, ria tão alto e tão deselegantemente que os pêlos de seu nariz saltavam para fora, a boca revelava mais do que gengivas e se engasgava a qualquer pausa.
_Dê-me licença, senhora!_ Brenda saiu puta do lugar onde estava e foi em direção às cadeiras no fundo do carro e, lá reposou sua cabeça que fervilhava, procurando no sacolejo dos bancos um esconderijo.
Não conseguiu dormir e o telefone tocava insensantemente pedindo atenção ao nível de bateria que estava baixo...Prontamente, ela o desliga e o soca dentro de sua bolsa que mais parecia Hiroshima depois da bomba. Lá encontra o descanço de sua alma quando encontra um livro que nunca terminara de ler e que havia prometido á sua irmã que iria assim que desse."Bem, que hora melhor do que essa?? Mostre-me se és digno de minha atenção..."
Assim passou-se mais uma hora, a estória de um rapaz que largara tudo que tinha para descobrir a verdade oculta sobre a história do mundo lhe pareceu cativante fora, claro, a descrição do tipo físico do rapaz, muito bem detalhada. Tão entretida no livro que o terminou e ficou sem reação, tipo como, se estivesse perdido uma parte de si.
Vendo que faltava pouco para sua viagem ser concluída, pôs-se de pé e pediu para o motorista parar. Resolvera terminar o caminho andando.
Estava um belo fim de tarde, o sol, tomado pela poluição, fazia raios vermelhos mesclados com laranjas e amarelos que se fundiam em harmonia na escuridão que tomava conta do céu."Cena de filme."Riu de si mesma por tal pensamento.
O vento frio começava a tocar a sua pele e ela começou a se arrepender por ter deixado o ônibus. Seus pensamentos vagavam."

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Só para lembrar que eu tô viva e me auto lembrar que eu tenho um blog.
(: